8º FÓRUM MUNDIAL DA ÁGUA: UM FÓRUM CIDADÃO!

8º FÓRUM MUNDIAL DA ÁGUA: UM FÓRUM CIDADÃO!

O 8º Fórum Mundial da Água, realizado em Brasília, entre 18 e 23 de março de 2018, tornou-se um marco histórico nas discussões internacionais sobre a água. Isso se confirma não só pelas inovações diversas, pelos painéis com altas autoridades mundiais sobre temas relevantes e centenas de discussões técnicas de alto nível, pelos números superlativos de participantes – cerca de 120 mil pessoas –, pelas mais de 100 de delegações estrangeiras ou de 73 autoridades governamentais e 12 chefes de Estado, mas também, e principalmente, pelo fato de que o 8º Fórum será lembrado como o mais inclusivo dos grandes encontros sobre água!

Frequentemente, os organizadores repetiam o mote: “O Fórum pertence a todos aqueles que bebem água”! E parece mesmo que o mundo estava sedento por discussões sobre um tema cada vez atual e preocupante: o que acontecerá com a água do planeta, caso as previsões sobre crescimento populacional, demandas por alimentos e energia, demanda por recursos hídricos e consequências das mudanças climáticas se tornem realidade? Na etapa preparatória, a participação institucional foi enorme: cerca de 400 instituições engajadas no processo temático, 362 no processo regional, e mais de 500 organizações no Processo Cidadão!

De fato, mais de 5.200 pessoas contribuíram para a preparação do Fórum Cidadão! E, assim, o Fórum se tornou um ambiente muito receptivo para a sociedade civil. Em primeiro lugar, o reconhecimento do direito humano à água e ao saneamento, explicitado em centenas de atividades, disseminou o sentimento de cidadania em todos os presentes. Além disso, o Fórum Cidadão promoveu a inclusão do público por meio da discussão de temas atuais, emergentes e relevantes para as sociedades mundiais, como minorias, povos indígenas, mulheres, agricultura familiar, rios urbanos, populações locais e comunidades em situações de vulnerabilidade e risco, jovens empreendedores da água, tecnologias de baixo custo, capital social, crimes ambientais, educação cidadã, diversidade, entre outras.

O Processo Cidadão promoveu diversas atividades na cidade sede (tais como corrida de rua, atividades no Lago Paranoá, um festival de cinema, e atividades culturais em escolas públicas) e criou espaços específicos na área do 8º Fórum. No Centro de Convenções, o Hydrocafé se tornou um movimentado ponto de encontro, com palestras, debates e entrevistas. No estacionamento do estádio Mané Garrincha, foi construída a Vila Cidadã. Composta de diversos ambientes, tais como o Cinema Cidadão, o Mercado de Soluções (pequenos estandes nos quais eram apresentadas 60 soluções para problemas diversos), a Arena das Águas (anfiteatro para 300 pessoas), o Green Nation (espaço com atrações com base em tecnologias de imersão e interação) e o Espaço Brasília, ocupado por órgãos do GDF, que promoveram 175 atividades para jovens e adultos e 170 atividades no espaço Criança Candanga. Sem dúvidas, a Vila Cidadã foi a maior inovação da história do Fórum Mundial da Água. Recebeu, gratuitamente, cerca de 110 mil cidadãos. E a melhor notícia: desse total, cerca de 60 mil eram crianças e jovens!

Esta obra, LEGADO DO FÓRUM CIDADÃO, que a REBOB oferece ao público, descreve e analisa todas essas atividades, e vai mostrar que o Fórum Cidadão constituiu-se como uma plataforma aberta que fomentou a discussão e a cooperação para a busca de soluções para as questões sobre a água em todo o mundo. Porém, é preciso lembrar, sempre, que os Cidadãos e as Cidadãs têm muitos direitos, mas também têm deveres! E, entre estes, inscrito na Lei das Águas brasileira (Lei 9.433/ 1997) está o dever de participar da gestão dos recursos hídricos nos Comitês de Bacia Hidrográfica e, no cotidiano, usar a água de maneira racional e sustentável, pensando na coletividade, visto que, no Brasil, não existe a propriedade privada de água! Todos que bebem água têm responsabilidade sobre a quantidade e a qualidade da água!

 

PAULO SALLES

Co-Presidente do 8º Fórum Mundial da Água, representando o Brasil.

Paulo Salles é PhD em ecologia e professor associado na Universidade de Brasília. Foi presidente dos Comitês de Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba e dos Afluentes do Rio Paranaíba no DF. Atualmente é Diretor Presidente de Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa-DF) e membro do Conselho de Governadores do Conselho Mundial da Água.

 

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