MULHERES E A ÁGUA

RODA DE CONVERSA

MULHERES E A ÁGUA

 

A Roda de Conversa que focou o tema “Mulheres e a Água” teve uma conotação de incentivo às mulheres para participar nas diferentes escalas dos sistemas decisórios e se empoderarem das discussões relacionadas à água. O diálogo teve início com um desafio para as palestrantes em mostrar como as mulheres/homens podem influenciar nas ações relacionas às águas, com base no olhar feminino.

Para todas as painelistas, as mulheres são como a água, fontes geradoras de vida no planeta.

No entanto, no contexto rural e urbano de cada país repleto de diversidade, do ponto de vista geográfico, cultural, econômico e social, a grande maioria das mulheres não participa ativamente dos processos decisórios nas instâncias relacionadas à água. Esses cargos são geralmente ocupados por homens que, em alguns casos, mesmo não tendo muito conhecimento do tema em discussão, participam ativamente dessas instâncias deliberativas.

O debate mostrou que as mulheres, muitas vezes, se colocam em um papel inferior, seja nas classes sociais mais elevadas como nas mais baixas. Nas classes sociais mais elevadas algumas mulheres se destacam, enquanto líderes de diferentes segmentos relacionados a água, mas, a grande maioria apenas assume o papel de auxiliar os homens nas diferentes instâncias decisórias. Nas classes sociais mais baixas ou pobres, em que não há saneamento básico instalado, a situação é bem pior, pois as mulheres, juntamente com as crianças, assumem o trabalho de buscar água em utensílios pesados por longas distâncias. Mesmo sendo um trabalho que requer muita força, não é efetuado por homens, pois é considerado um trabalho das mulheres.

Foi mostrado que a ideia da introdução do olhar feminino nos sistemas decisórios surge no século passado na Conferência de Dublin, realizado na Irlanda e que nos últimos anos essa realidade começou a mudar de forma tímida, mas com a ajuda de organizações que incentivam ações coletivas e humanitárias e com leis mais democráticas e participativas essa realidade começa a mudar.

Foi destacado aos participantes que desde esse período, muitas iniciativas já aconteceram em vários lugares do mundo e muitas mulheres já descobriram sua força e poder nos processos decisórios. Já são desenvolvidas ações concretas em prol das águas nos diferentes países, juntamente com auxílio dos homens que também influenciam a tomada de decisões.

O debate mostrou que a água é um importante instrumento de empoderamento para as mulheres se posicionarem. Mas, para as painelistas é preciso juntar as forças e arrebanhar cada vez mais mulheres e crianças para a participação e discussão. É preciso se juntar e multiplicar a ideia de empoderamento e de participação social.

Como sugestão resultado dos debates, foi sugerido que as mulheres já despertadas para o processo de empoderamento, possam multiplicar essa ideia e incentivar todas as mulheres de todas as classes, credos e etnias para as lideranças, as questões da água; a adesão à criação da Rede de Mulheres Latino Americana para a Água com a inserção nas pautas de organizações apoiadas pela ONU e que possam participar de órgãos ambientais, sistema de gerenciamento de recursos hídricos como um todo, Comitês de Bacias Hidrográficas, ou seja, sempre com foco na discussão da inserção da mulher nas discussões decisórias.

Finalmente, a roda de conversa mostrou que no mundo de hoje, é de bom tom que as mulheres empoderadas do seu potencial trabalhem em conjunto com os homens para beneficiar toda a coletividade.

O papel das mulheres é fazer chegar suas representantes nos diferentes setores econômicos, sociais, mas com potencial e capacidade para decidirmos de igual para igual com os homens, pois existem, em alguns países, espaços democráticos no sistema decisório que precisam ser ocupados.

Moderador/Coordenador:
Neusa Barboza


Palestrantes:

Daniela Nogueira (UNB)
Alice Baumann (Holanda)
Rosana Garjuti (Universidade Federal do Ceará)
Lavinia Anastacia (Azerbaijão).

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